quarta-feira, 22 de julho de 2015

A Primeira Vez: O primeiro Sistema Vendido

E apareceu o primeiro cliente!

Bom dia, exclusivos leitores deste blog secreto!
Hoje com sol batendo no teclado.
Aquele cinza de ontem já não se faz mais presente.
Já aquela preguiça mental de um "over sleep" persiste.

Hoje termina a pequena lista das Primeiras Vezes.
Será mais um exercício complexo de memória, pois na verdade foram dois clientes.
E estou em dúvida sobre qual veio primeiro.
Naqueles tempos de virada de década de 90, pouca coisa acontecia em termos de trabalho ou mesmo pesquisas aprofundadas.

Havia sim feito um cursinho, lido algumas revistas, que aliás eram a melhor fonte de exemplos de programas prontos.
Havia praticado um pouco, em casa.
Tive a oportunidade de usar um PC na empresa onde minha mãe trabalhava.

Era uma fábrica de roupas de mergulho, que estava engatinhando no processo de informatização.
Veio um PC da Argentina para eles.
E ninguém tinha a menor idéia do que fazer com o bixo.
Portanto, o primeiro sistema de estoque deles, foi meu.
Assim como a primeira lista de preços e controle de vendas.

Mas logo fui expulso da sala do PC, pelo então contador e administrador da fábrica.
Ele queria roubar mais tranquilo, e minha presença ali, iria atrapalhar os planos dele.
Ainda mais com a possibilidade de fazer sistemas para controlar a grana da fábrica.
A desculpa utilizada foi de que eu era menor de idade, e isso poderia caracterizar exploração de menores!

Podemos perceber, que sempre fui cercado de filhas da puta desonestos e corruptos.
E de uma forma ou de outra, eu pagava o preço por não me juntar a eles.
No final das contas, a fábrica durou apenas 6 anos.
De tanto que aquele contador roubava, a Receita Federal fechou a fábrica, por sonegação dos impostos.

Foram tempos difíceis, pois ficamos ao mesmo tempo sem o trabalho da mãe, e a casa onde morávamos.
Era uma casa dentro do terreno da fábrica.
Graças a uma atitude empreendedora de minha mãe, passamos a ser proprietários de um negócio.

Era uma modesta videolocadora, que nos rendia um apartamento alugado, e grana para levar a vida.
Sorte que sempre tivemos reservas para nos ajudar em emergências, pelo menos naquele tempo.
Mas a locadora fechou.
Tivemos uma sócia, infeliz que não entrou com grana alguma, e queria sacar a "parte dela" do caixa, todos os dias.

Ao desfazer a sociedade, que foi a maior cretinice possível, tivemos que repartir a grana com a vadia que havia entrado com ZERO no negócio.
Isso tudo graças a nossa legislação comercial.
Foi nesse momento, de venda dos filmes, que arrumei um novo cliente.
Um senhor que comprou parte de nosso acervo, queria um sistema para a locadora dele.

Portanto passei a trabalhar na loja dele, por dois meses, escrevendo o sistema todo para gerenciar seu pequeno negócio.
Era pequeno para ele, pois era somente um dos seus investimentos.
O homem era dono de mais 6 outros negócios, todos distintos.
Ele mau era alfabetizado!

Mas levava muito a sério um dos ensinamentos da Economia: Nunca coloque todos os seus ovos, em uma única cesta!

Este é um ponto falho em minha memória.
Ao mesmo tempo em que conhecemos este senhor, alguém nos apresentou uma distribuidora de vídeos.
Esta empresa também queria um sistema para administrar seu dia a dia.
Acredito que esta distribuidora foi minha primeira cliente, pois vendi um sistema para eles.
Não fui trabalhar dentro do escritório.

De fato, a distribuidora veio antes!
Foi com eles, a primeira experiência completa de analisar o negócio do cliente, propor um sistema, e desenvolver por completo o produto.
E claro, entregar o sistema e treinar as pessoas que iriam fazer a operação do mesmo.

Tudo isso, realizado em quatro semanas, ao preço de míseros 2 SM !!!
Sim, definitivamente eu não sabia por um valor adequado ao meu trabalho.
Logo depois desta distribuidora, fui trabalhar para o "Senhor Multi-tarefas".
E novamente, o pagamento foi semelhante.

Mas o aprendizado que tive, não pode ser medido em valores mundanos como salários.
Aquele senhor, semi analfabeto tinha um talento nato!
Sabia negociar, trabalhar e por os outros para trabalhar.
Ele era dono de:
  • um mini mercado (onde tudo começou para ele)
  • uma padaria
  • uma confeitaria
  • uma loja de roupas femininas
  • uma videolocadora
  • um estacionamento
  • e iria montar uma loja de venda de carros...
Cada negócio, ele dizia que ficaria para a esposa e filhos.
Mas os filhos eram crianças ainda, portanto ele tinha que tomar conta de tudo pessoalmente.
E ainda fazia as compras das verduras as 5 da manhã, pessoalmente.
E passava em todos os negócios durante o dia. E trabalhava em cada um!
O homem era uma máquina!
Severino Armelin

Aprendi a ter uma visão prática de gerenciamento, que veria apenas mais tarde em teoria, dentro da faculdade.
Aquele homem nunca pisou em uma sala de aula universitária!
E precisava?

Gosto de dizer isso... uma faculdade não faz um homem.
Ele precisa ser alguém, antes de entrar na faculdade.
Somente assim irá aproveitar realmente o que vivenciar lá dentro.
A formação deve vir da soma do que é passado dentro de casa, e na vivência na rua.

Minha formação profissional acabou sendo assim.
A teoria veio dos tantos livros que consumia desde cedo.
E a verificação prática veio com as pessoas que pude trabalhar de perto.
Bons tempos aqueles!

Concluindo, o primeiro programa foi aos 14 anos, e os primeiros sistemas efetivamente remunerados, aos 17.
E o último sistema, foi produzido em 2006.
Depois deste ano, passei a trabalhar como gerente de projetos, e nunca mais escrevi uma linha de código sequer.

As vezes sinto falta.
Afinal, eu fazia isso por diversão.
Sempre foi um "hobby" que alguém me pagava para fazer.
Realmente não sei se irei sentir algum prazer novamente, ao criar programas.

Hora de voltar para a realidade atual!
Mais uma etapa do Tour de France me aguarda.
Ótima quarta-feira à todos.

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