terça-feira, 24 de novembro de 2015

Decadência Moral dos Capitalistas

Todo homem tem seu preço, e a moral tende a zero

Boa tarde, caros leitores deste espaço aéreo do Red Planet Ex PEA.
Aproveito hoje que a disposição aumentou, para escrever um pouco mais.
Não teremos comentários sobre iminentes conflitos entre Rússia e Turquia.
Nem dissertarei sobre atentados terroristas em solo europeu.

Optei por contar uma breve história verídica.
Não serei preciso quanto ao dia em que o fato ocorreu, pois a memória falha as vezes.
Mas teremos sim alguns detalhes e espero lembrar ao menos da sequência dos eventos.
Aconteceu comigo, e sei que com muitas outras pessoas também.

Estava lendo o caderno de empregos do jornal de domingo.
Esta era a forma de procurar trabalho, antes da febre dos sites picaretas de empregos.
Não recordo em que ano este fato ocorreu, pois foram três viagens para Curitiba.
E cada uma delas, foi em busca de um emprego, em situações distintas.

Entre vários anúncios, um chamou minha atenção, por seu conteúdo diferente...
Os textos convencionais descreviam a vaga, e o perfil desejado.
Mas este anúncio, prometia com todas as letras, uma colocação em vaga determinada.
Bastava entrar em contato e preencher um cadastro com a suposta "Agência de Empregos".

Segui as orientações do anúncio, e rapidamente recebi uma resposta por e-mail.
Enviaram mais formulários para serem devidamente preenchidos e devolvidos.
As conversas foram bem rápidas e objetivas.
Creio que em dois dias, marcaram uma entrevista ao vivo.

O primeiro problema, ou desafio apareceu.
Estava em Porto Alegre, e o local da entrevista era em Curitiba.
As instruções foram bem claras: não se tratava de processo seletivo ou dinâmica de grupo.
Segundo a Agência, era uma etapa final do processo, antes de assumir o cargo na empresa.

Como eu precisava do emprego, assumi os riscos de fazer a viagem, sem ter a grana.
Não tenho mais certeza se peguei um avião, ou encarei as 12 horas de ônibus mesmo.
Naquela época, sei que o cartão de crédito e o limite da conta corrente eram a saída.
Acabava sempre endividado...

Lembro bem do prédio, e do Hall de entrada.
Era muito bonito, parecia um ambiente de Wall Street.
De fato, o poder e cobiça se faziam presentes na atmosfera.
Eu descobriria isso poucas horas depois...

Depois de passar pela segurança engravatada, cheguei no escritório da tal Agência.
Outro local bem atraente, parecia muito organizado, com várias pessoas andando para todos os lados.
Me informaram que eu seria recebido em breve.
Pontualidade sempre foi meu forte, e havia chegado exatos 15 minutos antes do agendado.

Fui muito bem recebido, quase com tapinhas nas costas, me parabenizando pela conquista!
Quanto cinismo e sordidez...
Conversei com um engravatadinho, de aparência quase infantil.
A "pessoa" me explicou que teríamos mais um passo a cumprir.

Uma avaliação psicológica, a ser realizada ali mesmo, em uma sala reservada.
Me deram um prazo para responder a vários formulários.
Eram basicamente aqueles testes bobos de sempre.
Bem comuns em outras entrevistas de emprego anteriores.

Depois desta etapa cumprida, voltou o "muleke", e continuamos a conversar.
Ele reforçou todo o contato previamente estabelecido, dizendo que a vaga era mesmo minha.
Faltava apenas fechar o "contrato de prestação de serviços" com a Agência.
Neste suposto documento, dizia que eu estava aceitando pagar R$ 2.000,00 para eles.

Este valor deveria ser pago à vista, para que então, a Agência me entregasse o nome da empresa.
Somente depois de dar a grana para eles, eu iria saber onde seria o meu suposto novo emprego!
Ao ler o contrato, notei que não existia nome de empresa alguma.
E também não dizia em parte alguma, que eu teria um emprego garantido.

Toda aquela palhaçada, era apenas para fazer de conta, que eu estaria sendo encaminhado à vaga.
E sequer tinha como ter certeza de que existia realmente uma vaga de emprego em algum lugar!
Eles queriam simplesmente, receber dois mil, para preencher uns formulários e fazer uma entrevista.
Nunca apareceu o nome da tal empresa, onde diziam que a vaga já era minha...

Eu me recusei a pagar qualquer coisa, e exigi o que haviam combinado: uma vaga de emprego!
O engravatadinho disse que eles só poderiam continuar o meu processo, mediante pagamento.
Só faltou dizer que eu devia algo a eles, por estar ali, gastando o "tempo deles"...
Eu perdi a conta, mas acredito ter visto mais de 30 pessoas ali dentro.

Era uma quadrilha, organizada para explorar pessoas em situação de desespero!
Encerramos a reunião/entrevista/golpe depois do muleke tentar me tirar dinheiro a todo custo.
Eu cobrei a passagem dele!
Queria um ressarcimento dos custos da viagem!

Nada feito, eles me acompanharam até a porta, com os seguranças.
Ao descer no elevador, eu simplesmente não acreditava no que estava acontecendo.
Tive que voltar para casa, com as mãos vazias.
Mas um sentimento de ódio profundo, ocupando todas as células do corpo...

A volta para casa, foi dolorosa.
Queria mesmo era ter quebrado tudo dentro daquele lugar.
Ali, pude finalmente entender o nosso mundo capitalista.
É um mundo sem limites, sem decência, sem moral, sem valores de nenhuma natureza.

Explorar a situação das pessoas, pura e simplesmente para lhes tirar grana.
Acho que isso é pior do que ser dono de escravos!
O senhor da terra, ao menos, dava abrigo e comida, e tratava dos doentes!
Mas pessoas deste tipo, praticantes de esquemas para enganar os outros, merecem morrer torturadas!

Pensando um pouco na definição do Capitalista, ele realmente não trabalha.
Ele é apenas o dono do Capital, ou meio de produção.
Ele fornece os meios para um negócio ser executado.
E o trabalhador, ou escravo, é quem realmente irá gerar o retorno financeiro.

Mesmo assim, ele é o explorador que fica com 90% de tudo.
Assim é que vivemos no mundo capitalista.
Ou você está do lado do explorador, ou morre pobre.

Carpe Diem!

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