quinta-feira, 16 de julho de 2015

A Primeira Vez: A Demissão

Depois da primeira, abre-se a porteira...

Bom dia raros leitores deste pequeno blog.
Mais uma semana se arrastando, e quase chegando ao fim.
Hoje o tópico será algo bem alegre e de altíssimo astral.
O pé na bunda empresarial!

Atualizando a lista...
  • primeiro carro
  • primeiro apartamento
  • primeira vez que ouvi Pink Floyd !!!
  • primeiro emprego
  • primeira internet
  • primeira demissão
  • primeira batida com o carro
  • primeira aprovação no vestibular (depois de duas tentativas, a terceira deu certo)
  • primeiro iPad
  • primeiro celular tijolinho
  • primeiro celular smart phone android de quase R$ 2000 (que absurdo!)
  • primeiro programa de computador
  • primeiro sistema vendido
Quando fui demitido pela primeira vez, foi tranquilo.
Quase alegre o evento.
A primeira coisa que pensei foi no placar!
Eu chutando o balde 3 x 1 Empresa me jogando fora

Os três estágios em que eu disse adeus para o povo, não entram na contabilidade.
Minha primeira demissão foi tranquila porque havia sido anunciada para todo o departamento.
Em Fevereiro de 2000, o tal superintendente de TI reuniu quase 300 pessoas no último andar do prédio, para dar a feliz notícia.

A então Brasil Telecom havia sido comprada pela Telecom Itália, junto com mais outras oito operadoras no país.
O resultado seria a unificação de todos os sites de TI em Brasília.
O manda chuva achou melhor ser honesto com todos e avisar com antecedência.

Desta forma teríamos tempo de procurar outros empregos.
Como uma manobra para evitar a debandada geral, eles prometeram um bônus para quem ficasse até o final do processo de migração para o DF.
Seríamos agraciados com salários dobrados nos últimos SEIS meses de projeto.

Mas seria um ano de grandes desafios, pois teríamos que pegar todos os sistemas e suas bases de dados, e fazer uma migração gigante para um novo sistema gerencial: o SAP R3.
Passamos o ano inteiro trabalhando nos projetos de migrações.
Finais de semana inclusive.

Cronogramas super apertados, e aquela sensação ruim de "quem sair por último, apague a luz!".
Mais da metade dos colegas se mandou antes de Junho.
Aquilo só nos ferrou.
Teríamos que fazer o resto dos projetos de migração, com menos da metade de mão de obra.
E com cada vez menos tempo.

Certamente isso evitou aspectos psicológicos negativos em minha primeira demissão.
Não estava sendo uma partida por algum erro ou incompetência.
Nem algum caso de indisciplina.
Estávamos sendo todos dispensados por uma questão corporativa mesmo.

Isso tornou a situação bem mais fácil de assimilar.
Pena que no meu caso, não foi exatamente assim.
Eu contava que iria ficar até o fim dos processos migratórios.
Deveria ser até Janeiro de 2001.

Infelizmente para o meu azar, sempre fui mais comprometido que os outros.
Tudo que era minha responsabilidade, era concluído antes do prazo.
E graças a isso, terminei em Outubro de 2000, toda a parte de dados e sistemas que me cabiam.
Resultado: me dispensaram em Novembro, e deixei de ganhar 3 meses de bônus.

Aí sim fiquei com raiva dos sacanas.
Fui o único a ser liberado mais cedo.
E lembro da tamanha cretinice do cara que foi encarregado de dirigir o TI nos meses finais.
A peça veio do RJ, somente para lidar com as demissões.

Este besta, me dizia com sorriso na cara, que eu deveria ficar feliz.
Pois iria entrar em férias antes dos outros.
Que poderia viajar, ir para praia, etc.
Bom, de fato, fiquei feliz por ter sido este o fator fundamental para começar a processar a empresa.

Realmente, rendeu ótimos frutos, anos depois.
Beeeeemmmmm depois.

Ao todo, creio que foram 4 demissões, em 11 empregos formais.
Uma ótima forma de olhar positivo para a situação, é que meu placar está favorável em 7 x 4.
Legal se fosse 7 x 1 ! (Hahaha).

A pior de todas, foi na porcaria das três letrinhas.
A vagabunda da minha gerente envia um e-mail, me convocando para uma reunião do plano de metas anual, com mais 4 colegas.
Ela saiu de férias, por 15 dias.

Ao voltar, bem na data da reunião, a cadela sequer disse boa tarde.
Apenas falou que a empresa não precisava mais dos meus serviços.
E havia apenas um cara na salinha minúscula que cabia apenas uma mesinha com 3 cadeiras.
Ela fez o cara me escoltar para fora da porta principal.

Vejam como vale a pena ser funcionário de empresas grandes, multinacionais.
Na hora de sair, você é tratado como lixo.
Não importa se trabalhou por seis anos e meio, tendo apenas UM DIA de falta, por motivo de internação em hospital com suspeita de apendicite...

Aquela sim, foi minha pior experiência profissional na vida.
Totalmente inesperada.
Eu tinha dois projetos em minha responsabilidade.
Era gerente em ambos.
Fazia 44 horas extras todos os meses e era elogiado por seus respectivos gerentes americanos.

Se isto deixa marcas na pessoa? Claro que deixa.
Faz você amaldiçoar todos os dias que passou exercendo seu trabalho de forma séria.
No final das contas, você sai de mãos vazias.
E para piorar, ter a MERDA DA IBM no currículo, não vale porra nenhuma.

Não achei um emprego que preste, desde 2012.
Nenhum sequer.
6 anos e meio... jogados fora.
Não conheci um colega de trabalho que fosse realmente bom.

Não aprendi absolutamente nada de útil ou produtivo em relação a metodologias e processos.
Nada que eles faziam lá dentro, era organizado ou digno de referência.
Definitivamente, foi o pior lugar onde trabalhei na vida.
A única coisa que prestava, era o Home Office.

Alguns podem pensar que se era tão ruim, deveria ter caído fora.
Tive propostas para ganhar o dobro, no RJ.
Mas não quis abrir mão da qualidade de vida que se tem, ao trabalhar em casa.
Se eu tivesse que trabalhar somente dentro dos prédios da empresa, em mortolândia ( Horto City), certamente teria dito SIM para a primeira oferta de emprego.

Claro que hoje não adianta reclamar, pois não posso voltar no tempo.
Mas sim, ficaram lições aprendidas.
Minha postura profissional é bem diferente do que era antes.
Hoje vejo qualquer empresa, pura e simplesmente como um lugar para tirar grana.

Serve para usar e jogar fora tão logo não precisarmos mais dela.
Não merecem um pingo de sacrifício ou lealdade.

Ao olhar para trás, realmente fico feliz com meu placar de 7 x 4.
Tomara que a próxima empresa, se tiver alguma, também sirva para eu deixá-los na mão na primeira chance.

Aos que tem um emprego, façam bom uso dele.
Sejam cínicos com seus chefes e colegas.
Façam marketing pessoal falso, exagerem em seus currículos e atividades.
Toda empresa merece ser enganada por seus empregados.

E ótima quinta-feira aos Ex PEA!


Nenhum comentário:

Postar um comentário